É preciso ampliar as oportunidades para uma ampla parcela da população que está com dificuldade de encontrar espaço no mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, muitas empresas estão com dificuldade no recrutamento, na seleção e na retenção de talentos, com elevados custos devido a ineficiências nesses processos.
É cada vez mais comum ouvir gestores reclamarem por terem contratado pessoas pelo que essas diziam saber e terem que demiti-las pelo que revelaram ser no ambiente profissional.
A competitividade em tempos de inovações disruptivas e intensificação tecnológica em todos os setores pede que as pessoas certas sejam encontradas e valorizadas para desempenharem seu potencial ao máximo onde lhes forem abertas oportunidades de trabalho.
Encontrar as pessoas certas e valorizá-las por suas competências é um desafio global. Porém, os impactos no Brasil são ainda mais desafiadores, pois os mecanismos de exclusão se acentuam e caímos no risco de ampliar o desemprego estrutural e a quantidade de desalentados – aqueles que desistem de procurar um emprego, seja porque não conseguiu um trabalho adequado, não tinha experiência profissional ou qualificação adequada, não conseguiu trabalho por ser considerado muito jovem ou muito idoso ou por acreditar que não havia trabalho na localidade.
O Fórum Econômico Mundial publicou, em maio de 2023, o relatório Putting Skills First: A Framework for Action*, no qual conclama os governos, empresas e organizações sem fins-lucrativos a estabelecerem políticas e ações de inclusão produtiva, tendo a valorização das competências e habilidades das pessoas como eixos centrais de sua atuação.
De acordo com os autores:
“Skills First é um termo usado para descrever uma nova abordagem para gestão de talentos que enfatiza as habilidades e competências de uma pessoa – além de diplomas, históricos de trabalho ou títulos acadêmicos – no que diz respeito à atração, contratação, desenvolvimento e realocação de talentos.
Ao focar diretamente nas próprias habilidades, e não em como foram adquiridas, é uma abordagem que tem o potencial de democratizar o acesso a oportunidades econômicas e caminhos para bons empregos e outros tipos de vínculos de trabalhos para muito mais pessoas do que as abordagens tradicionais.”
Uma abordagem que prioriza as habilidades concentra-se em saber se uma pessoa possui as habilidades e competências certas para uma função específica, uma possibilidade que vai além de ter o diploma, histórico de trabalho ou cargos anteriores corretos.
Isso significa que as empresas obtêm as habilidades de que realmente precisam para um determinado trabalho, mas, mais do que isso, democratiza o acesso a bons empregos para aquelas pessoas que têm as competências, mas não as qualificações formais usualmente requeridas para uma função.
Há muita gente que foi diplomado para uma profissão e que atua em outras áreas do conhecimento, por exemplo. Assim como há profissionais que não tiveram ainda a chance de se formarem em cursos de educação formal e, no entanto, desenvolveram competências e habilidades muito valiosas e significativas.
Realizar uma mudança tão fundamental requer mais do que simplesmente o envolvimento das equipes de Gestão de Pessoas. Para muitos indivíduos, isso remove uma barreira importante à capacidade de aplicar suas habilidades e contribuir. Uma abordagem de competências em primeiro lugar fornece acesso a oportunidades de emprego, bem como bons trabalhos que oferecem progressão na carreira e maior potencial de renda.
Hoje o Brasil está com dificuldades para a inclusão produtiva de jovens e em aproveitar melhor o talento da Geração 50+, pessoas mais maduras e que desenvolveram uma série de competências em sua trajetória que precisam ser melhor visibilizadas.
A CertifikEDU tem como seu propósito visibilizar mais e melhor as competências e habilidades das pessoas, além de promover conexões entre instituições de ensino, empresas e indivíduos para ampliar a trabalhabilidade.
A Educação Continuada (lifelong learning) é a chave para abrir portas, tanto na Graduação e na Pós-Graduação quanto na Educação Corporativa. As organizações que se organizam ao redor da valorização dessas trilhas individualizadas e inclusivas das jornadas de trabalho e aprendizagem serão mais competitivas e humanas.
De acordo com a regulação educacional brasileira, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania.]
Sendo que as pessoas desenvolvem habilidades para fazer algo, seja na educação formal, informal e não-formal. Podem ser verificadas, como, por exemplo, o aprender a ler e escrever. A partir daí são construídas as competências.
O infográfico 1 apresenta uma síntese das ações necessárias para articular os esforços ao redor de uma abordagem baseada em Skills First.

A publicação Putting Skills First: A Framework for Action encontra-se disponível em https://www.weforum.org/whitepapers/putting-skills-first-a-framework-for-action/